É evidente que a importância do acréscimo demográfico de um país vai depender dos ritmos verificados na evolução das taxas de mortalidade e de fecundidade, e do modo como essa evolução ocorre no tempo.
Nos PED, a redução da mortalidade, significativa a partir dos anos 40 e 50, ocorreu três décadas antes do início do declínio da fecundidade. As diferenças temporais e a amplitude destes movimentos provocaram uma verdadeira explosão demográfica.
Embora hoje a redução do ritmo de crescimento demográfico seja uma realidade em muitos países em desenvolvimento, só nos finais do século XXI se prevê a sua passagem à terceira etapa da transição demográfica
Em resultado do enquadramento dos países em diferentes fases do processo de transição demográfica, temos diferentes estruturas etárias.
Os PD apresentam uma redução acentuada do peso do grupo etário dos jovens, em resultado da quebra registada na taxa de fecundidade, e um aumento proporcional da importância dos idosos com consequência do aumento da esperança média de vida. As pirâmides etárias, embora sejam o reflexo da história de cada país, apresentam uma estrutura, em traços gerais muito idêntica, com as bases a diminuírem e os topos progressivamente a alargarem-se.
Em alguns países desenvolvidos a presença de um forte contingente de imigrantes, na sua maioria jovens e com taxas de fecundidade superiores À população autóctone, é encarado por muitos demógrafos como um incremento à inversão da tendência para a diminuição da taxa de fecundidade e para o envelhecimento da população.
Nos PED a análise das estruturas etárias é bem mais complexa, em resultado da diversidade de situações relacionadas com a fragmentação evolutiva do terceiro mundo.
Há algumas décadas atrás poderíamos identificar com alguma objectividade a estrutura etária destes países, e esquematizar a tipologia das suas pirâmides, normalmente de bases largas e de topos estreito. Esta estrutura era o resultado das elevadas taxas de mortalidade e das altas taxas de fecundidade.
Mas, sobrteudo nas últimas três décadas, as diferenças de comportamento dos indicadores demográficos, promoveram a diversificação das estruturas etárias.
A heterogeneidade existente é justificada pelos diferentes posicionamentos dos países no processo de transição demográfica.
Os PMA na sua grande maioria localizados no continente africano apresentam uma estrutura etária muito jovem: combinam elevadas taxas de natalidade com uma esperança de vida reduzida.
Sobretudo na África Subsariana, a redução da fecundidade tem tido um efeito nulo na taxa de natalidade, pois a actual geração feminina em idade de procriar é mais numerosa do que a geração precedente, em resultado de uma taxa de reprodução elevada num passado recente.
Em muitos PED a redução concertada da taxa de natalidade e da de mortalidade, e o aumento da esperança média de vida sobretudo em resultado da diminuição da taxa da mortalidade infantil, têm reforçado o carácter jovem das estruturas etárias, constituindo obstáculos às políticas de controlo da natalidade.
Implicações sócio-económicas das estruturas etárias muito desiquilíbradas:
na estrutura profissional, já que a existência de um grupo etário muito jovem reduz consideravelmente a percentagem da população activa;
nas necessidades sociais dos grupos etários, pois o peso excessivo do grupo etário dos jovens representa para a economia custos elevados em educação e formação, que PED se revelam incapazes de garantir, em particular a escolarização da população feminina para além do ensino básico obrigatório. Esta incapacidade para financiar, organizar e manter um sistema de ensino que garante a escolaridade dos jovens e a sua intefgração no mundo do trabalho constituí um obstáculo ao desenvolvimento;
no mercado de trabalho, directamente pela necessidade de criar empregos suficientes para absorver a mão-de-obra disponível e, indirectamente, pelo baixo nível de formação dos novos trabalhadores, cujos efeitos sobre a dinâmica da actividade produtiva acabam por ser quase nulos;
nas políticas de controlo da natalidade, já que o peso excessivo do grupo etário dos jovens dificulta a sua aplicação, na medida em que se perspectiva que a futura geração feminina em idade de procriar seja ainda mais numerosa que a geração actual;
nos níveis de consumo, pois em sociedades predominantemente agrícolas, com produtividades do trabalho baixas, as populações jovens são forçadas a emigrar rumo às grandes cidades. Estas cidades, já saturadas devido ao elevado crescimento natural da população, não conseguem absorver o excedente de novos trabalhadores, nem garantir os níveis de consumo exigidos por uma população maioritariamente jovem, que adopta modos de consumo ocidentais. A necessidade de recorrer à importação para fazer face à incapacidade produtiva das economias locais revela-se também um obstáculo ao processo de desenvolvimento.
A diminuição da taxa de fecundidade verificada em alguns países em desenvolvimento tem-se revelado muito positiva, atenuando os efeitos negativos da recente explosão demográfica.
Esta evolução revela uma alteração de comportamentos mais ou menos visíveis que se traduz:
no aumento da idade do casamento;
na alteração das estruturas familiares e das realidades culturais;
no aumento da taxa de actividade feminina;
na consolidação da vontade individual.
Esta diminuição tem permitido atenuar as despesas com a educação e a saúde das crianças e, sem elevar os encargos, aumentar a escolaridade obrigatória e o número de crianças abrangidas.
A redução da fecundidade e o prolongamento da escolaridade tem atenuado a pressão sobre o mercado de trabalho, enquanto que o crescimento progressivo da população adulta em relação à população considerada dependente, tem contribuído para a diminuição dos custos sociais.
Esta situação favorável terá tendência a prolongar-se apenas nos países onde a redução da fecundidade é mais lenta. Na China, Coreia do Sul e Singapura, a redução brusca da fecundidade está a conduzir ao envelhecimento rápido da população com consequências económicas e sociais difíceis de calcular, dado que é um fenómeno recente.
Nos PD, a luta contra a morte levada a cabo durante dois séculos, tem registado grandes sucessos não só pela redução da mortalidade infantil mas também pela diminuição da mortalidade em idade adulta, o que tem contribuído para o aumento considerável da esperança média de vida.
A Europa Ocidental tem registado, nas últimas décadas, um envelhecimento demográfico devido ao aumento da esperança média de vida para valores superiores aos 75 anos, associada à contínua redução da taxa de natalidade e a um índice de fecundidade inferior a 1,7 crianças por mulher. O peso do grupo etário dos idosos começa a ser significativo.
A evolução dos indicadores demográficos que conduzem ao envelhecimento resultam da revolução dos costumes e da transformação das estruturas familiares em consequência da melhoria do nível de vida e de um conjunto de mudanças sociais.
O proceso de urbanização e as expectativas de melhoria da qualidade de vida, não permitem a manutenção de famílias numerosas.
A emancipação da mulher, através do prolongamento da sua escolaridade, da participação no processo produtivo, e do desenvolvimento dos métodos contraceptivos, contribui para a redução do número de nascimentos.
Vantagens da diminuição do número de filhos:
a redução das despesas com os filhos associado ao salário da mulher, contribuem para aumentar o orçamento familiar;
os casais podem consagrar grande parte dos seu orçamento ao consumo e à melhoria dos seus níveis de vida;
a mulher pode melhorar as suas perspectivas profissionais.
Outras realidades menos positivas começam a fazer-se sentir